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Uso de chupeta: os prós e os contras (parte 02)

18 Abril 2024

Os processos de socialização e de comunicação ficam prejudicados com o uso da chupeta?

As crianças choram, balbuciam ou protestam por atenção ou para comunicar suas necessidades e desejos. A criança que usa chupeta acaba chorando/resmungando menos, ou seja, comunicando menos as suas necessidades, solicitando menos a atenção dos adultos ao seu redor. Dessa forma, a criança tem menos oportunidades de interação com os pais/ cuidadores e, como consequência, acabam sendo menos estimuladas, com repercussões no seu desenvolvimento, como na fala, na comunicação e nas habilidades de socialização. 

Bebês que usam chupeta podem se tornar adultos fumantes ou com outros transtornos orais?

Sim. O uso prolongado da chupeta por mais de 2 anos pode ser substituído, mais tarde, por outros hábitos orais como fumar, comer excessivamente ou outros transtornos compulsivos. Pais/cuidadores justificam a introdução do uso da chupeta para ajudar a acalmar o bebê quando ele está nervoso ou ansioso; a mesma razão atribuída pelos fumantes ao hábito de fumar.

A adoção da chupeta pode ajudar na prevenção da Síndrome da Morte Súbita?

Alguns especialistas acreditam que esse hábito (o uso da chupeta) diminui a chance de Síndrome da Morte Súbita do Lactente. Essa condição não é uma doença específica. Ela acontece quando um bebê com menos de um ano de vida aparentemente saudável morre durante o sono, sem explicações médicas. Alguns profissionais recomendam o uso da chupeta durante o sono como forma de reduzir a chance de a criança ser vítima dessa síndrome. É importante que os pais saibam que a maioria das crianças que utilizam chupeta frequentemente a soltam quando adormece, perdendo, assim, a alegada proteção. Além disso, percebe-se que, ao estimular o desenvolvimento da sucção em bebês prematuros, se favorece o ganho de peso e a redução do tempo de hospitalização de bebês prematuros.

Chupeta pode ser útil para reduzir o stress em recém-nascidos?

O uso da chupeta pode ser adotado como forma de confortar o bebê quando submetido a procedimentos dolorosos ou estressantes, relacionados a momentos de agitação, irritação ou choro intenso. Por exemplo, situações desse tipo acontecem na hora de colher material para um exame de sangue ou na realização de um procedimento hospitalar. No entanto, nesses casos, é preferível amamentar a criança durante esses procedimentos, sempre que possível, uma vez que os mecanismos envolvidos na redução da dor pela amamentação são múltiplos e incluem sucção, contato pele a pele, calor, balanço, cheiro, voz materna e, possivelmente, substâncias presentes no leite materno que potencializam o efeito da amamentação na redução da dor.

Como decidir sobre o uso ou não uso da chupeta?

Após conhecer os benefícios e os malefícios do uso de chupeta, é importante que os pais/cuidadores façam uma reflexão sobre quando e como o seu bebê precisa ser acalmado. Como os bebês não falam, eles se comunicam por meio de resmungos, balbucios, choros e gritos. No início, entender essa linguagem do bebê pode ser uma tarefa complicada para os pais, mas, com o passar do tempo, muitos pais sentem-se confiantes em identificar o que o bebê está tentando comunicar através do choro: “estou com sono”, “estou com fome”, “estou com as fraldas sujas”, “quero carinho”, “estou com frio”, “quero colo”, “estou cansado, mas não consigo dormir”, “estou com dor”, “estou com febre”. É importante que os pais sejam capazes de suportar a angústia que causa o choro da criança e de dar um tempo para compreender/descobrir qual o incômodo e/ou a necessidade da criança que causou o choro. No entanto, é comum oferecer chupeta ao bebê tão logo ele comece a resmungar ou na presença de algum fator que entendemos como desconfortável a ele. É comum, também, oferecer chupeta às crianças sem nenhum motivo. É importante lembrar que a chupeta pode fazer com que a criança fique quieta, o que não significa que sua necessidade tenha sido atendida. Ela acaba “se conformando” com o prazer que lhe é oferecido, ainda que temporário. Por isso, é importante tentar entender e decifrar o significado dos choros do bebê.

Há uma forma única de lidar com bebês em situação de choro?

Para cada família e cada bebê o conjunto de estratégias utilizadas será diferente. Por isso, é tão importante que os pais/cuidadores conversem entre si e definam estratégias para lidar com situações de estresse. Alguns exemplos de estratégias para acalmar bebês e manejar o seu choro são: oferecer o peito sempre que o bebê apresentar sinais de fome (ou seja, quando o bebê chora, abre a boquinha, mexendo a cabeça para um lado e para o outro procurando o peito), pegar o bebê no colo, segurando-o firmemente e o aconchegando, cantar para ele, praticar contato pele a pele, banhá-lo, usar o ofurô, ofertar estímulos, como mordedores, chocalhos ou outras brincadeiras que chamem a atenção da criança e lhe forneçam conforto e carinho.

No caso de o pai/responsável optar pelo uso da chupeta, quais são os cuidados a serem tomados?

Se a opção for por oferecer chupeta à criança, recomenda-se que o seu uso seja limitado até 1 ano de idade e sua introdução deve ocorrer após a amamentação estar estabelecida, ou seja, com o bebê mamando bem, ganhando peso por mais de duas semanas e a mãe sem fissuras ou dores no momento de amamentar. Para aqueles que optarem por oferecer a chupeta, uma opção é restringir o seu uso em momentos críticos e, uma vez estabelecido o hábito de usar a chupeta, procurar suporte profissional para a retirada, se este for o desejo. Por fim, é importante ressaltar que o uso de chupeta por crianças que já adquiriram a fala, muitas vezes em idades avançadas como 7, 8 e até mesmo 10 anos, é um sinal de alerta. Os pais precisam refletir sobre o que se passa emocionalmente com elas e qual a função psíquica da chupeta na vida dessas crianças. Cientes do motivo, poderão oferecer a elas uma conduta afetiva que possa ajudá-las na elaboração do problema e, assim, a chupeta poderá ser abandonada.

[Fonte] Sociedade Brasileira de Pediatria

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